Confira a lista completa de obras obrigatórias para o vestibular da Unicamp (2020)

24/05/2018

FOTO: Unsplash

Na quarta-feira, 23, a Unicamp - Universidade Estadual de Campinas - divulgou a lista de 12 obras obrigatórias para o vestibular de 2020. A surpresa ficou por conta de Sobrevivendo no inferno, disco do grupo de rap Racionais MC'S. A escolha dividiu a opinião dos internautas. Segundo o site oficial da instituição, "As obras são de diferentes gêneros e extensões, de autores das literaturas brasileira e portuguesa. É importante destacar que essa lista não é a mesma para o Vestibular Unicamp 2019, que ocorre ainda este ano, e cujas obras já foram divulgadas anteriormente".

Saiba quais obras selecionadas a Companhia das Letras já publicou:

 

Sobrevivendo no Inferno, de Racionais Mc’s

Na virada para os anos 1990, os Racionais MC’s emergiram como um dos mais importantes acontecimentos da cultura brasileira. Incensado pela crítica, o disco Sobrevivendo no inferno vendeu mais de um milhão e meio de cópias. Agora publicados em livro, precedidos por um texto de apresentação e intermeados por fotos clássicas e inéditas, os raps dos Racionais são a imagem mais bem-acabada de uma sociedade que se tornou humanamente inviável, e uma tentativa radical, esteticamente brilhante, de sobreviver a ela. 

A teus pés, de Ana Cristina Cesar

A teus pés é o primeiro e único livro de poemas que Ana Cristina Cesar lançou em vida por uma editora, em 1982. Além de material inédito, a obra reunia os três breves volumes que a autora havia publicado entre 1979 e 1980 em edições caseiras: Cenas de abril, Correspondência completa e Luvas de pelica. Desafiando o conceito de “literatura feminina” e dissolvendo as fronteiras entre prosa, poesia e ensaio, o eu lírico e o eu biográfico, Ana logo chamou a atenção de críticos como Heloisa Buarque de Hollanda e Silviano Santiago. Incluindo uma cronologia da autora, este clássico contemporâneo que integra Poética, a reunião de sua poesia completa, volta agora em forma avulsa às mãos do leitor, como foi idealizado pela autora.

O espelho, incluído no livro Papéis Avulsos, de Machado de Assis.

Papéis avulsos, primeiro livro de contos publicado por Machado de Assis (1839-1908) após o lançamento de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), é integralmente composto por momentos antológicos da ficção curta brasileira. De “O alienista”, um dos mais famosos contos do autor, a “O espelho”, cujo enredo psicológico tem fascinado sucessivas gerações de leitores e escritores (inclusive Guimarães Rosa, que escreveu um conto homônimo como “resposta”), este livro concentra alguns dos melhores personagens e situações do criador de Dom Casmurro.

A falência, de Júlia Lopes de Almeida

Ícone do modernismo brasileiro, Júlia Lopes de Almeida consegue oferecer um notável panorama das repercussões do boom do café no final do século XIX na formação da nascente burguesia urbana, e também retratar, com impecável maestria, os meandros de uma sociedade machista e hipócrita, em que subsistem as relações escravocratas e aprofundam-se as desigualdades sociais.

Caminhos cruzados, de Erico Verissimo

Influenciado pela técnica de intrigas entrelaçadas e pela ausência de personagem principal da ficção de Aldous Huxley, Erico Verissimo escreveu Caminhos cruzados, tendo como cenário uma Porto Alegre onde já se confrontavam modernização e miséria, luxo e desencanto. Sem narrar acontecimentos de vulto, o autor expõe o nervo da fragilidade humana. Sua capacidade de fabulação ainda hoje provoca impacto e lança um apelo à sensibilidade.

História do cerco de Lisboa, de José Saramago

A história da tomada de Lisboa aos mouros no ano de 1147 e a crônica de um inesperado encontro amoroso na Lisboa de hoje: duas narrativas, tecidas e entretecidas de maneira brilhante, que fazem da História do cerco de Lisboa uma densa e fascinante meditação sobre a natureza e as relações entre a ficção e a história, o vivido e o narrado. Um dos mestres da literatura portuguesa contemporânea, Saramago explora neste livro as possibilidades do romance como meio de recriar o passado e o presente.

Essencial Padre Antônio Vieira

O enfático juízo de Fernando Pessoa sobre Antônio Vieira contido num verso de Mensagem conserva sua plena validade neste início de século XXI. O perfeito domínio das sutilezas da retórica seiscentista, a impressionante erudição bíblica e literária e a inigualada capacidade de instruir, comover e deleitar simultaneamente continuam a fazer da prosa do “imperador da língua portuguesa” um clássico absoluto nas duas margens do Atlântico, mais de três séculos após sua primeira publicação. Embora o mundo monárquico, escravista e radicalmente dogmático de Vieira já tenha há muito desaparecido, sua extensa obra continua a iluminar a história e a literatura da lusofonia. Jesuíta, político e pregador, confessor de reis e profeta do Quinto Império, autor de centenas de sermões e de uma riquíssima correspondência, Vieira foi um homem de múltiplos interesses, unificados por sua fé inquebrantável e pela crença nos altos destinos de Portugal. Essencial Padre Antônio Vieira é uma generosa amostra de sua eloquente produção literária, incluindo alguns de seus melhores sermões, cartas e textos proféticos, além de uma esclarecedora introdução de Alfredo Bosi, membro da Academia Brasileira de Letras, e do texto inédito em português A chave dos profetas.

Sonetos de amor, de Luis Vaz de Camões

Os amantes da melhor literatura têm um motivo a mais para celebrar: esta belíssima edição, com uma seleção dos melhores sonetos camonianos sobre o amor. Líricos, eletrizantes e insuperáveis, textos do autor de Os Lusíadas auscultam, a partir da forma poética difundida por Francesco Petrarca (o italiano reputado como o inventor do soneto), o coração de leitores apaixonados. “Luís de Camões amou muito, sofreu muito, teve gozo no seu sofrimento e escreveu dezenas de sonetos (e canções, elegias, odes etc.) numa repetida tentativa de entender o que era essa coisa simultaneamente terrível e sublime”, escreve Richard Zenith na esclarecedora introdução ao volume.

E a lista completa, abaixo:

1. Racionais Mc’s: Sobrevivendo no Inferno (poesia)
2. Luís de Camões: Sonetos (poesia)
3. Ana Cristina Cesar: A teus pés (poesia)
4. Guimarães Rosa: A hora e a vez de Augusto Matraga, do livro Sagarana (contos)
5. Machado de Assis: O espelho (contos)
6. Dias Gomes: O bem amado (teatro)
7. Júlia Lopes de Almeida: A falência (romance)
8. Érico Veríssimo: Caminhos cruzados (romance)
9. José Saramago: História do cerco de Lisboa (romance)
10. Carolina Maria de Jesus: Quarto de despejo (diário)
11. Nelson Rodrigues: A cabra vadia (crônica)
12. Antonio Vieira: Sermão de Quarta-feira de Cinza (sermão)

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