Leituras para o mês do Orgulho LGBTQIA - Parte II

30/05/2018

Junho é o mês do Orgulho LGBTQIA, e nunca antes tivemos tanta representatividade na música, TV, cinema e, claro, na literatura. Mas ainda temos muito a fazer pela comunidade gay, lésbica, bissexual e transexual. Pensando nisso, selecionamos vinte livros clássicos, contemporâneos, estrangeiros e nacionais com personagens ou autores LGBTQIA. Confira a primeira parte do post e o restante, abaixo:

FOTO:Unsplash

22. Extraodinárias, de Aryane Cararo e Duda Porto de Souza

Dandara foi uma guerreira negra fundamental para o Quilombo dos Palmares. Bertha Lutz foi a maior representante do movimento sufragista no Brasil. Essas e muitas outras brasileiras impactaram a nossa história e, indiretamente, a nossa vida, mas raramente aparecem nos livros. Este volume, resultado de uma extensa pesquisa, chega para trazer o reconhecimento que elas merecem. Aqui, você vai encontrar perfis de revolucionárias de etnias e regiões variadas, que viveram desde o século XVI até a atualidade, e conhecer os retratos de cada uma delas, feitos por artistas brasileiras. O que todas essas mulheres têm em comum? A força extraordinária para lutar por seus ideais e transformar o Brasil. 

23. A morte e vida de Alan Turing, de David Lagercrantz

Em junho de 1954, Alan Turing, o brilhante matemático inglês considerado pai da computação moderna, foi encontrado morto em sua casa, na cidade de Wilmslow. A arma do crime: uma maçã envenenada. O detective Leonard Corell assume o caso e logo descobre que Turing foi condenado por ser homossexual, numa época em que isso era proibido. Apesar de estar convicto de se tratar de um suicídio, ele fica intrigado com os documentos secretos dos registros de guerra de Turing — um dos principais responsáveis por decifrar o código secreto dos alemães, algo decisivo para a vitória dos Aliados. Além disso, a sexualidade de Turing parece ter causado tumulto entre os serviços de inteligência, e é levantada a possibilidade de ele ter sido chantageado por espiões soviéticos. Neste romance eletrizante, Lagercrantz recria a atmosfera paranoica e febril da Guerra Fria, em que gênios livres não eram tolerados. À medida que a curiosidade inocente do detetive Corell o leva a lugares mais sombrios, ele percebe que tem muito a aprender sobre os perigos do conhecimento proibido.

24. A lógica inexplicável da minha vidade Benjamin Alire Sáenz

 A lógica inexplicável da minha vida é uma história de amor, luto, amizade e descobertas.
Salvador levava uma vida tranquila e descomplicada ao lado de seu pai adotivo gay e de Sam, sua melhor amiga. Porém, o último ano do ensino médio vem acompanhado de mudanças sobre as quais o garoto não tem nenhum controle, como ímpetos de raiva que ele não costumava sentir. Além disso, Salvador tem que lidar com a iminente morte da avó, com uma tragédia repentina que acontece na vida de Sam e com o fato de seu pai estar se reaproximando de um ex-namorado. Em meio a esse turbilhão de sentimentos, que vão do luto ao amor e da amizade à solidão, Sal passa a questionar sua própria origem e identidade, e tenta encontrar alguma lógica para a sua vida - uma tarefa que parece quase impossível.

25. Cartas de amor aos mortosde Ava Dellaria

Prestes a começar o ensino médio, Laurel decide mudar de escola para não ter que encarar as pessoas comentando sobre a morte de sua irmã mais velha, May. A rotina no novo colégio não está fácil, e, para completar, a professora de inglês passa uma tarefa nada usual: escrever uma carta para alguém que já morreu. Laurel começa a escrever em seu caderno várias mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elizabeth Bishop… sem nunca entregá-las à professora.
Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky.
Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era - encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um - é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

26. As fúrias invisíveis do coraçãode John Boyne

Cyril Avery não é um Avery de verdade ou, pelo menos, é o que seus pais adotivos lhe dizem. E ele nunca será. Mas se não é um Avery, então quem é ele? Nascido nos anos 1940, filho de uma jovem solteira expulsa de sua comunidade e criado por uma família rica irlandesa, Cyril passará a vida inteira à mercê da sorte e da coincidência, tentando descobrir de onde veio — e, ao longo de muitos anos, lutará para encontrar uma identidade, uma casa, um país e muito mais. Além das incertezas de sua origem, ele tem de enfrentar outro dilema: é gay numa sociedade que não admite sua orientação sexual. Autor do best-seller O menino do pijama listrado, John Boyne nos apresenta à sua maior empreitada literária até então, construindo uma saga arrebatadora sobre aceitar-se e ser aceito num mundo que pode ser cruelmente hostil. Uma leitura necessária para os dias de hoje, que reitera o poder do amor, da esperança e da tolerância.

27.  Tudo o que tenho levo comigode Herta Müller

Fim da guerra, 1945. Para a minoria alemã na Romênia é o início de um período de horror e silêncio. Nos cinco anos seguintes, por volta de 30 mil saxões residentes na Transilvânia foram deportados para campos de trabalhos forçados. Segundo Stálin, os povos de origem alemã deveriam pagar pelos crimes da guerra e trabalhar na reconstrução da União Soviética. Os campos caracterizaram-se por condições desumanas e insalubres, e os ex-internos preferiram esquecer o que aconteceu ali.
Parte dessa minoria alemã, Herta Müller tomou o relato de um amigo, o poeta Oscar Pastior, como base para este romance sobre a dura experiência nos campos. O projeto que deveria ser realizado a quatro mãos foi interrompido com a morte de Pastior, e Müller o assumiu sozinha. O resultado é essa narrativa dolorosa, construída com uma escrita altamente poética, seca e pungente.
Trata-se da história de Leo Auberg, um jovem de dezessete anos, gay, que é internado num campo soviético. Ali ele convive com a fome, trabalhos forçados, doenças, solidão e morte. Cinco anos depois, Leo volta para casa, mas percebe que tal retorno é impossível.

28. Com armas sonolentasde Carola Saavedra

Este romance polifônico gira em torno de três mulheres: Anna, uma aspirante a atriz, de origem humilde, que vê num cineasta alemão a possibilidade de ser levada a sério e ter fama e reconhecimento. Logo depois que o conhece, ela aceita mudar-se para a Alemanha, onde a realidade (agravada pelo desconhecimento do idioma) se apresenta bem diferente de suas expectativas; depois há também a melancólica Maike, uma jovem alemã que, sem razão aparente, resolve estudar português na universidade — para o desgosto dos pais, advogados — e descobre aos poucos que sua improvável ligação com a língua e o Brasil é cada vez mais forte. No curso, ela se apaixona por uma colega, que vai abrir seus olhos para muito do que estava reprimido em seu inconsciente; e ainda uma terceira personagem, sem nome, que aos catorze anos é obrigada pela mãe a deixar sua casa no interior de Minas para trabalhar como doméstica numa casa de família no Rio de Janeiro, onde relações bem complexas irão se desenvolver no convívio dela com os patrões.
São três mulheres muito distintas, mas fortemente interligadas, que experimentam uma situação crescente de abandono e exílio — seja geográfico, seja emocional. A viagem, por assim dizer, que cada uma delas faz poderia ser um jeito de “voltar para casa”, na busca por desvendar sua verdadeira identidade.

29. Luzes de emergência se acenderão automaticamentede Luisa Geisler

Luisa Geisler constrói em Luzes de emergência se acenderão automaticamente uma narrativa sutil, às vezes entremeada com um humor desconcertante, em outras com passagens cativantes. Ao compor esse mosaico, a autora desenvolve um romance surpreendente, emocional, sobre as incertezas do amadurecimento.
De certa forma, um relacionamento são duas pessoas que se recusam a desistir uma da outra. Duas pessoas igualmente ferradas, claro. É o que escreve Henrique, ou Ike, em cadernos que carrega consigo para todos os lugares. São cadernos em que fala de seu dia a dia, dos amigos, e de sonhos difusos que ele guarda para o futuro.
Henrique mora nos subúrbios de Porto Alegre com os pais, e é um garoto que se considera, em todos os aspectos, uma pessoa normal. Está na faculdade, trabalha num posto de gasolina em meio período, tem uma namorada. Fala pouco, é introspectivo, mas cultiva amizades sólidas. Tudo muda quando seu melhor amigo, Gabriel, bate a cabeça num acidente banal e, pouco tempo depois, é hospitalizado em coma. Após uma cirurgia de emergência, não há muito que fazer por ele, dizem os médicos. Apenas esperar. E Ike, os pais de Gabriel, o irmão mais velho e os amigos aguardam o menor sinal de melhora.
É então que, perto do Natal, Ike começa a escrever. São cartas em sequência ao amigo, como uma conversa, onde relata o que se passa na ausência do amigo. Para “quando tu acordar”, diz ele. “Queria saber quando tu ia acordar, como tu tá, o que tem acontecido, se tem algo que dê pra fazer”, escreve Henrique. As cartas são entremeadas por narrativas curtas, que dão a elas uma dimensão adicional: até que ponto Ike sabe realmente o que acontece à sua volta? O que pensam os outros?

30. A morte em Veneza & Tonio Krögerde Thomas Mann

A morte em Veneza (1912), aqui na tradução de Herbert Caro, é uma das novelas exemplares da moderna literatura ocidental. A história do escritor Gustav von Aschenbach, que viaja a Veneza para descansar e lá se vê hipnotizado pela beleza do jovem polonês Tadzio, mais tarde daria origem ao notável filme homônimo do diretor italiano Luchino Visconti, de 1971. 
O volume traz ainda Tonio Kröger, narrativa de 1903 que Thomas Mann declarava ser uma de suas favoritas. A novela tem diversos traços autobiográficos e está centrada na relação entre artista e sociedade, um tema muito caro à obra de ficção do escritor, sobretudo nos primeiros trabalhos. A nova tradução é de Mario Luiz Frungillo.

31. Stella Manhattande Silviano Santiago

Stella Manhattan pertence à categoria das criações artísticas à frente de seu tempo. Passados mais de trinta anos de sua primeira publicação, o romance não apenas se firmou como um clássico moderno, leitura incontornável para todos aqueles que apreciam a alta literatura nacional. Revela-se pioneiro na ficcionalização do então emergente e politizado universo trans. Eduardo da Costa e Silva — identidade oficial de Stella Manhattan — é um funcionário do Consulado brasileiro nos Estados Unidos. Protegido do coronel Valdevinos Vianna, também conhecido como Viúva Negra, Eduardo protagoniza na Nova York dos anos 1970 uma história de escândalo sexual e intrigas políticas da qual também fazem parte personagens ricos e diversificados como Aníbal, um intelectual paraplégico e voyeur, sua libidinosa mulher Leila, e Paco, ou La Cucaracha, um cubano anticastrista.

32. A profecia do pássaro de fogode Melissa Grey

No subterrâneo de lugares onde é muito difícil chegar, duas antigas raças travam uma guerra milenar: os Avicen, pessoas com penas no lugar de cabelos e pelos; e os Drakharin, que têm escamas sobre a pele. Ambas possuem magia correndo nas veias, o que os esconde de todos os humanos… menos de uma adolescente chamada Echo.
Echo conheceu os Avicen quando era criança, e desde então eles são sua única família. A pedido de sua tutora, a garota começa uma jornada em busca do pássaro de fogo, uma entidade mítica que, segundo uma velha profecia, é a única forma de acabar com a guerra de vez. Mas Echo precisa encontrar o pássaro antes dos Drakharin, ou então os Avicen podem desaparecer para sempre…

33. A ameaça sombriade Melissa Grey

O mundo de Echo mudou por completo quando a garota menos esperava. Até pouco tempo, ela era apenas uma espectadora da guerra milenar entre os Avicen e os Drakharin, dois povos mágicos que habitam a Terra em segredo. Agora, depois de encontrar e libertar o pássaro de fogo - uma figura mítica importante para os dois grupos - e de descobrir o poder que carrega dentro de si, Echo precisa entender qual papel deve desempenhar para colocar um fim definitivo nesse conflito.
Para complicar, a libertação do pássaro de fogo deu nova vida a um ser antagônico a ele, o kuçedra. Feito de trevas e sombras, o kuçedra espalha medo e morte por onde quer que passe - principalmente se controlado pelas pessoas erradas. Enquanto tenta encontrar uma solução para esse novo obstáculo, Echo vai perceber que a linha que separa a luz das trevas é bem mais tênue do que esperava...

34. Pai, paide José Silvério Trevisan

João nasceu em Ribeirão Bonito, interior de São Paulo, filho mais velho de uma família de classe média baixa. Desde o início, acompanha a forma rude como o pai José trata sua mãe, de origem mais humilde. É vítima, ainda criança, da violência de José, que não aceita sua natureza de “menino maricas”. Antes de completar 10 anos, João entra num seminário, para escapar do ambiente de casa. “Eu iniciava meu processo de ser outro, um homem, sem deixar de ser o mesmo filho de José, o cachaceiro.” Depois de abandonar o seminário, ele busca sua liberdade, e deixa o Brasil da ditadura para conhecer o mundo. Atravessa graves momentos políticos na América Latina e vivencia a contracultura nos Estados Unidos. Mergulha na escrita e nas artes. Mas a sombra do pai continuará sempre consigo.

35. Ninguém nasce heróide Eric Novello

Num futuro em que o Brasil é liderado por um fundamentalista religioso, o Escolhido, o simples ato de distribuir livros na rua é visto como rebeldia. Esse foi o jeito que Chuvisco encontrou para resistir e tentar mudar a sua realidade, um pouquinho que seja: ele e os amigos entregam exemplares proibidos pelo governo a quem passa pela praça Roosevelt, no centro de São Paulo, sempre atentos para o caso de algum policial aparecer. Outro perigo que precisam enfrentar enquanto tentam viver sua juventude são as milícias urbanas, como a Guarda Branca: seus integrantes perseguem diversas minorias, incentivados pelo governo. É esse grupo que Chuvisco encontra espancando um garoto nos arredores da rua Augusta. A situação obriga o jovem a agir como um verdadeiro super-herói para tentar ajudá-lo - e esse é só o começo. Aos poucos, Chuvisco percebe que terá de fazer mais do que apenas distribuir livros se quiser mudar seu futuro e o do país.

36. Ele: quando Ryan conheceu Jamesde Sarina Bowen e Elle Kennedy

James Canning nunca descobriu como perdeu seu melhor e mais próximo amigo. Quatro anos atrás, seu tatuado, destemido e impulsivo companheiro desde a infância simplesmente cortou contato. O que aconteceu na última noite daquele acampamento de verão, quando tinham apenas 18 anos, não muda uma verdade simples: Jamie sente saudade de Wes.
O maior arrependimento de Ryan Wesley é ter convencido seu amigo extremamente hétero a participar de uma aposta que testou os limites da amizade deles. Agora, prestes a se enfrentarem nos times de hóquei da faculdade, ele finalmente terá a oportunidade de se desculpar. Mas, só de olhar para o seu antigo crush, Wes percebe que ainda não conseguiu superar sua paixão adolescente. 
Jamie esperou bastante tempo pelas respostas sobre o que aconteceu com seu relacionamento com Wes, mas, ao se reencontrarem, surgem ainda mais dúvidas. Uma noite de sexo pode estragar uma amizade? Essa e outras questões sobre si mesmos vão ter que ser respondidas quando Wesley e Jamie se veem como treinadores no mesmo acampamento de hóquei.

“Li este livro em uma sentada só — é tão bom! Se eu tivesse que selecionar duas autoras para colaborarem, não vejo dupla melhor que Bowen e Kennedy.” — Colleen Hoover, autora best-seller do New York Times
“A maneira como Sarina Bowen e Elle Kennedy desenvolvem o romance destes dois homens é atemporal e maravilhosamente real.” — Audrey Carlan, autora best-seller do New York Times

37. Conversas entre amigosde Sally Rooney

Frances, uma estudante de vinte e um anos que vive em Dublin, é escritora e apresenta em público suas peças de poesia com Bobbi, sua ex-namorada e melhor amiga. Ela é tímida, austera e distante; Bobbi é mais comunicativa e de fácil trato. Quando Melissa, uma notável fotógrafa e ensaísta, se aproxima de ambas para oferecer um perfil em uma renomada revista, elas aceitam com entusiasmo. Enquanto o encanto de Bobbi por Melissa aumenta, Frances se aproxima pouco a pouco de Nick, o marido-ator não muito bem-sucedido, e a relação de poder que se estabelece entre os quatro se torna cada vez mais complexa.
Escrito com precisão e inteligência, Conversas entre amigos é um relato impressionante das paixões e perigos da juventude. Neste romance de estreia, Sally Rooney consegue conciliar vulnerabilidade e força em um mundo que não tem nada de trivial.

Acompanhe no blog da Companhia das Letras a programação especial que faremos para a semana!

Compartilhe:

Veja também

Voltar ao blog