Stephen King escreve uma carta de amor ao suspense

15/03/2016

Por Boni Neto

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Para comemorar o laçamento de Mr. Mercedes, de Stephen King, convidamos fãs do autor para escreverem sobre a incursão do mestre do horror na literatura policial. Começamos com a participação de Boni Neto, responsável por um dos maiores sites brasileiros dedicados ao autor.

 

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Tive minha primeira experiência literária com Stephen King em meados de 2008. O Concorrente foi o primeiro livro que li, e a escolha não poderia ter sido mais estranha. Stephen King, um dos autores norte-americanos mais populares do mundo há 40 anos, tem como marca registrada o horror. Contudo, isso não o impede de ocasionalmente explorar a ficção-científica (caso de O Concorrente), o drama, a fantasia e outros gêneros.

Não é de surpreender que sua incursão no mundo do suspense policial tenha dado tão certo. Mr. Mercedes é o primeiro volume de uma trilogia, seguido por Achados e Perdidos (em maio) e End of Watch (em julho), e não traz qualquer elemento sobrenatural, um dos artifícios favoritos de King. Nesta nova narrativa, o detetive Bill Hodges será obrigado a revogar sua aposentadoria para resolver seu único caso em aberto: o Massacre do Mercedes, chacina em que um maníaco utilizou um Mercedes para atropelar várias pessoas, matando oito delas, durante uma feira de empregos.

Para encontrar o homem que se autodenomina “O Assassino do Mercedes”, Hodges contará com a ajuda de uma dupla de improváveis aliados: Jerome Robinson, um rapaz esperto e leal, e Holly Gibney, uma moça de saúde mental abalada, que se mostra disposta a enfrentar suas dificuldades graças à amizade com Hodges. Com o passar da leitura, nota-se que o coração do livro está justamente no relacionamento do trio, na dinâmica que cada um traz à perseguição ao doentio e provocador assassino, e na descoberta de que, juntos, os três são imbatíveis, apesar de terem talentos e personalidades completamente diferentes.

É claro que estamos falando de Stephen King, então humor não vai faltar na história, e são nas figuras de Holly e Jerome — personagens desacostumados com o lado perigoso do mundo — que o autor insere esse seu lado, procurando contrabalancear a personalidade do detetive Bill Hodges, um homem mais sério e obcecado.

Além dos personagens muito bem construídos, o romance apresenta situações memoráveis que deixa o leitor ansioso para virar a próxima página, mas, ao mesmo tempo, cauteloso para não perder um detalhe sequer. É um livro ideal para os amantes do suspense que pode ser lido independentemente de ter acompanhado a carreira do autor. Mas não se surpreenda se no decorrer da leitura surgir a vontade de fazê-lo!

 

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Boni Neto é formado em Direito e graduando em Jornalismo, com uma grande sede de leitura que nem mesmo Stephen King foi capaz de matar depois de quase 70 livros lidos. Amante da literatura clássica e do jornalismo literário, é webmaster do King of Maine, site dedicado a Stephen King que está no ar desde 2012.

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