26 livros para você se preparar para o vestibular

24/03/2016

vestibularblog

Durante o ano, a entrada para as universidades do Brasil é feita a partir dos vestibulares. A maioria desses processos conta com uma lista de leitura obrigatória para o desenvolvimento da prova. Reunimos os livros publicados pelo Grupo Companhia das Letras que estão nas listas de leitura de várias universidades do país. Confira e prepare-se para as provas!

1) Memórias póstumas de Brás Cubasde Machado de Assis (USP e Unicamp)

Publicado em 1881, num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre de Memórias póstumas, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. A edição da Penguin-Companhia reproduz o prólogo do próprio autor à terceira edição do livro, em que ele responde às dúvidas dos primeiros leitores. Traz ainda prefácio de Hélio de Seixas Guimarães, professor livre-docente na USP e pesquisador do CNPq, e estabelecimento de texto e notas de Marta de Senna, cocriadora e editora da revista eletrônica Machado de Assis em Linha, e Marcelo Diego, pesquisador da obra de Machado na Universidade Princeton.

2) Capitães da areia, de Jorge Amado (USP)

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

3) Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade (USP e Universidade Federal do Paraná)

Publicado em 1951, Claro enigma representa um momento especial na obra de Drummond. Com uma dicção mais clássica, o poeta revisita formas que haviam sido abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia.

4) Terra sonâmbulade Mia Couto (Unicamp)

Terra sonâmbula — considerado pelo júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX — é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. O livro se passa na Moçambique pós-independência, e mergulhado na devastadora guerra civil que se estendeu por dez anos, o velho Tuahir e o menino Muidinga empreendem uma viagem recheada de fantasias míticas. Mia Couto se vale de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.

5) Caminhos cruzados, de Erico Verissimo (Unicamp)

Neste romance, Erico Verissimo narra episódios da vida de duas dezenas de personagens na Porto Alegre da década de 1930, onde já se confrontavam modernização e miséria, luxo e desencanto, e tece uma crítica incisiva aos desníveis sociais e à hipocrisia moral de nossa sociedade. A edição da Companhia de Bolso conta com apresentação de Antonio Candido e prefácio de Moacyr Scliar.

6) Quincas Borba, de Machado de Assis (PUC—GO)

Publicado pela primeira vez em livro em 1891, depois portanto de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e antes de Dom Casmurro (1899), Quincas Borba é uma das obras mais marcantes da fase realista de Machado de Assis. Neste romance da maturidade do autor, a história do provinciano Rubião — herdeiro da fortuna do idiossincrático filósofo Quincas Borba — e dos tipos urbanos da corte que o levam à ruína é narrada com o distanciamento, o ceticismo e o senso de humor implacável de que só Machado de Assis era capaz. Além de mais uma centena de notas explicativas, esta edição traz uma extensa e abrangente introdução do britânico John Gledson, estudioso da obra machadiana e tradutor de Dom Casmurro para o inglês.

7) Clara dos Anjos, de Lima Barreto (Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal de Uberlândia)

Clara dos Anjos narra as desventuras de uma adolescente pobre e mulata seduzida por um malandro branco, e tem sido avaliado por diversos críticos como um romance que não está à altura da melhor produção de Lima Barreto. Entretanto, esta reedição — com textos críticos de Sergio Buarque de Holanda, Lúcia Miguel Pereira e Beatriz Resende, bem como um amplo aparato de notas explicativas a cargo de Lilia Moritz Schwarcz e Pedro Galdino - é uma boa oportunidade para reavaliar esse conceito, permitindo situá-la entre os textos-chave do criador de Triste fim de Policarpo Quaresma.

8) Lavoura arcaica, de Raduan Nassar (Universidade Federal do Paraná)

Lavoura arcaica conta a história de uma vida familiar marcada pela figura autoritária do pai e pelo amor desmedido da mãe. Uma parábola com ressonâncias bíblicas e de intenso vigor poético, o romance de Raduan Nassar é uma obra-chave da literatura brasileira.

9) Essencial Padre Antônio Vieira, de Padre Antônio Vieira (Universidade Federal do Paraná)

A lista da UFPR pede, na verdade, a leitura de "Sermão de Santo Antônio aos peixes", texto que está presente na edição da Penguin-Companhia de Essencial Padre Antônio Vieira, que reúne os principais sermões e cartas do “imperador da língua portuguesa”.

10) Poética, de Ana Cristina Cesar (Universidade Federal de Santa Catarina)

Ana Cristina Cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século XX uma marca indelével. Poética reúne toda a sua produção artística em um único volume, incluindo livros como Cenas de abril, Correspondência completa e Luvas de pelica.

11) Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende (Universidade Federal de Santa Catarina e Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Campina Grande)

Vencedor do Prêmio Jabuti de melhor livro de 2015, Quarenta dias conta a história de Alice, uma professora aposentada que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar a Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade.

12) A morte e a morte de Quincas Berro D'água, de Jorge Amado (Universidade Estadual de Ponta Grossa)

Numa prosa inebriante, que tangencia o fantástico sem perder o olhar aguçado para as particularidades da sociedade baiana, Jorge Amado narra a história das várias mortes de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade.

13) A metamorfose, de Franz Kafka (Universidade Federal de Uberlândia)

A metamorfose é a mais célebre novela de Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da literatura. O texto coloca o leitor diante de um caixeiro-viajante — o famoso Gregor Samsa — transformado em inseto monstruoso. A partir daí, a história é narrada com um realismo inesperado que associa o inverossímil e o senso de humor ao que é trágico, grotesco e cruel na condição humana.

14) Menino do matode Manoel de Barros (Universidade Federal de Uberlândia)

Um dos últimos livros escritos por Manoel de Barros, Menino do mato sintetiza com perfeição suas aspirações e seu estilo. Esse menino, que é a consciência do poeta, deseja apreender o mundo sem explicações ou propósitos.

15) Vozes anoitecidas, de Mia Couto (Universidade Estadual de Londrina—PR)

Em doze pequenos contos, Mia Couto apresenta um rol de personagens esfarrapados e alheios ao palco principal dos acontecimentos que narram, de seu ponto de vista marginal, histórias que flertam com o mágico e com o absurdo sem, no entanto, desviarem-se completamente do plano factual.

16) Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares (Universidade Estadual de Londrina—PR)

Em meio a uma paisagem de escombros da Europa após a Segunda Guerra, Hannah, de 14 anos, encontra Marius, um sujeito enigmático que parece esconder o próprio passado. Perdida e com uma doença congênita, Hannah conta com a ajuda de Marius para encontrar o seu pai. O livro de Gonçalo M. Tavares constrói um retrato a um só tempo abstrato e absolutamente tocante sobre as verdadeiras vítimas da guerra: as pessoas comuns, aquelas mais fragilizadas, que de repente se veem à margem de todos os acontecimentos.

17) Toda poesia, de Paulo Leminski (Universidade Estadual de Londrina—PR)

Entre haikais e canções, poemas concretos e líricos, Toda poesia percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano e revela por que Paulo Leminski é um dos poetas brasileiros mais lidos das últimas décadas.

18) Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade (Universidade Estadual de Londrina—PR)

Alguma poesia assinala a estreia de Carlos Drummond de Andrade que, então com 28 anos, iria revolucionar a poesia de língua portuguesa no século XX. O livro já apresenta aquilo de melhor que Carlos Drummond de Andrade iria oferecer ao longo de quase 60 anos de uma das carreiras mais fecundas da literatura moderna: o lirismo, o humor, o tom meditativo e irônico, a observação desencantada dos fatos, o sensualismo, a reflexão aguda sobre o amor e a morte.

19) O ateneu, de Raul Pompéia (Universidade Estadual de Londrina—PR)

Publicado em 1888, este romance, que mistura ficção e autobiografia, narra as experiências de Sérgio, um tímido pré-adolescente de onze anos como aluno interno no Colégio Ateneu, conhecido como a melhor instituição de ensino do Império. Os cenários do colégio e sua memorável galeria de alunos, professores e funcionários são um autêntico microcosmo da vida social da época.

20) Senhora, de José de Alencar (Universidade de Passo Fundo—RS)

Publicado em 1875, dois anos antes da morte do autor, Senhora é um dos principais romances urbanos de José de Alencar, e uma de suas críticas sociais mais contundentes. Narrativa dividida em quatro partes, conta a história do casamento entre Aurélia, moça pobre e órfã que acaba se tornando herdeira de grande fortuna, e Fernando Seixas, frequentador dos altos círculos da corte, mas incapaz de manter financeiramente sua vida luxuosa.

21) A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade (Universidade de Passo Fundo—RS)

A rosa do povo é o livro politicamente mais explícito de Drummond. É um poderoso olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida nas cidades, o amor e a morte.

22) Um certo Capitão Rodrigo, de Erico Verissimo (Universidade de Passo Fundo—RS)

O povoado de Santa Fé vê com maus olhos a chegada do capitão Rodrigo Cambará, que parece zombar dos costumes e desdenhar a ordem local. O conflito se acirra quando Rodrigo se apaixona por Bibiana Terra, com quem Bento Amaral, filho do despótico coronel da cidade, deseja casar-se. Um certo Capitão Rodrigo é um extrato da trilogia O tempo e o vento, que mistura ficção aos fatos da Revolução Farroupilha.

23) Cartas chilenasde Tomás Antônio Gonzaga (Universidade de Pernambuco)

Cartas chilenas é a história de Fanfarrão Minésio, governador do Chile, narrada por um certo Critilo, que da então colônia escreve ao amigo Doroteu, na Espanha. São treze "cartas" em versos que, simulando falar de estrangeiros, fazem uma mordaz sátira política das Minas Gerais do fim do século XVIII.

24) Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta (Universidade de Pernambuco)

Com mordaz ironia, Pimenta e Torero recontam em Terra Papagalli episódios da nossa história, inventam outros tantos, construindo uma paródia deliciosamente irreverente e crítica de nosso país.

25) Dois irmãos, de Milton Hatoun (Universidade Federal de Roraima)

Neste romance de intensa dramaticidade, Milton Hatoum narra a história de dois irmãos gêmeos — Yaqub e Omar — e suas relações com a mãe, o pai, a irmã e, de outro lado, com a empregada da família e seu filho, um menino cuja infância é moldada justamente por esta condição: ser o filho da empregada.

26) Terras do sem-fim, de Jorge Amado (Universidade Federal de Roraima)

Uma página sangrenta da história social brasileira elevada à categoria de mito fundador de uma civilização maculada pela cobiça e a barbárie. A edição tem posfácio de Miguel Sousa Tavares, autor de Equador e Rio das Flores.

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