A autobiografia de Stefan Zweig

“Fui contemporâneo das duas maiores guerras. Conheci a liberdade individual em seu grau e forma mais elevados, e, depois, em seu nível mais baixo em muitos séculos. Fui festejado e desprezado, livre e subjugado, rico e pobre. Minha vida foi invadida por todos os pálidos cavalos do Apocalipse, revolução e fome, inflação e terror, epidemias e emigração. Sob os meus olhos, vi as grandes ideologias de massa crescendo e se disseminando.    Paradoxalmente, na mesma época em que o nosso mundo retrocedia um milênio no aspecto moral, vi a mesma humanidade elevar-se a feitos nunca antes imaginados no campo da técnica e do intelecto.”

(Trecho de Autobiografia: o mundo de ontem)

Stefan Zweig nasceu em Viena, em 28 de novembro de 1881, e hoje completaria 133 anos. Foi escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista. E famoso. Muito famoso. Era um autêntico best-seller mundial, desses de fazer John Green morrer de inveja. E, embora tenha se exilado no Brasil fugido da Segunda Guerra, e onde viveu até sua morte em 1942, o autor austríaco ficou um bom (nada bom) período no ostracismo por aqui.

A boa notícia é que a série Stefan Zweig na Zahar, lançada em 2013 sob coordenação do jornalista e um dos maiores especialistas em Zweig no mundo, Alberto Dines, acaba de ganhar seu quarto título Autobiografia: O mundo de ontem.

“Quase podemos ouvi-lo, tão perto ficou. (...) Agora, com suas próprias palavras, a prosa cativante e a mansa entonação, aqui está ele. Sem mediações”, escreve Dines no prefácio. E completa: “essas memórias podem esclarecer alguns mistérios que ainda o cercam mais de sete décadas depois de morto ou torná-los ainda mais densos, talvez até impenetráveis.” Zweig terminou de escrever essas memórias pouco antes de tomar a dose letal de morfina no pequeno bangalô em que vivia em Petrópolis. E esse fim iminente fica evidente no texto, sobretudo no prólogo, escrito após a conclusão do livro, quando diz: “só aquilo que eu quero conservar tem direito de ser conservado para outros.

Portanto, recordações, falem e escolham no meu lugar, e forneçam ao menos um reflexo da minha vida antes que ela submerja nas trevas!”.

Quando ouvimos ou lemos os nomes de Zumbi dos Palmares, Martin Luther King ou Mandela, logo lembramos da saga daqueles que lutaram pela liberdade e por direitos igualitários, em diferentes e dificeis épocas. O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, é uma data para a reflexão sobre o papel dos negros na construção do Brasil e do mundo, na busca por uma sociedade mais justa e sem preconceitos.

Ao longo de seus quase 60 anos de vida, a Zahar se orgulha de fazer parte dessa luta, ao lançar livros que informam, criticam e inspiram temas tão caros aos Direitos Humanos e à vida de todos nós. Por isso, selecionamos algumas obras para homenagear essa data e esses grandes líderes!

Um dos maiores símbolos da luta por igualdade, justiça e paz da humanidade, Martin Luther Kingliderou uma revolução que mudou os Estados Unidos e influenciou o mundo inteiro. Por sua política de resistência e transformação social através da não violência tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz. O grande líder foi retratado em primeira pessoa em A autobiografia de Martin Luther King, organizado por Clayborne Carson, historiador da Universidade Stanford e diretor do Martin Luther King Jr. Research and Education Institute. O livro contém textos inéditos autobiográficos, incluindo cartas e diários não publicados, assim como filmes e gravações, do grande líder norte-americano.

Como austríaco, judeu, escritor, humanista e pacifista, Stefan Zweig esteve sempre onde os incontáveis abalos que atingiram seu tempo foram sentidos de maneira mais violenta. Perdeu a Viena de sua juventude para a Primeira Guerra, a Áustria de sua maturidade para Hitler, a Europa de sempre para a Segunda Guerra. Exilado   no Brasil, definitivamente arrancado de tudo o que fora e formara seu mundo, ele fez um intenso exercício de reconstrução para escrever suas recordações sem ajuda de nada além de sua própria memória.

“Tão diferente é meu hoje de qualquer dos meus ontens ... que às vezes me parece que vivi não uma única existência, mas várias, inteiramente diferentes entre si. Pois muitas vezes, quando digo, desatento, ‘minha vida’, sem querer me questiono: ‘Qual vida?'”

Dines fará uma palestra sobre a autobiografia dia 1/12, às 19h, na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, no Rio de janeiro. Na ocasião também será lançado o livro A rede de amigos de Stefan Zweig: sua última agenda, 1940-42. Não perca! Mias sobre o evento:http://bit.ly/lançamentoTravessa

 

 

 

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