Foto oficial da Casa Branca por Amanda Lucidon
Comemorando o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a Companhia das Letras promove uma semana especial em suas redes sociais. A proposta parte de Minha história, autobiografia de Michelle Obama que acaba de ser publicada pela Editora Objetiva. Neste relato íntimo e inspirador da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, conhecemos sua trajetória e os desafios enfrentados por ela não só como mulher, mas como mulher negra. O livro se junta a outros, igualmente importantes, do nosso catálogo que visam ampliar as vozes de mulheres negras, como Djamila Ribeiro, Maria Firmina dos Reis, Toni Morrison e Chimamanda Ngozi Adichie. Buscando trazer a mesma reflexão para o Brasil e também como uma ação necessária para esta data, convidamos todas as mulheres negras a contarem suas próprias histórias.
De segunda a sexta-feira, publicaremos no Blog da Companhia textos dessas mulheres, começando com um trecho do livro de Michelle Obama. Convidamos também todas as nossas leitoras a contarem suas histórias via Twitter, Instagram e Facebook acompanhadas da hashtag #minhahistoria.
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Minha história (trechos), por Michelle Obama
“Em Princeton, eu precisava dos meus amigos negros. Ajudávamos e apoiávamos uns aos outros. Muitos tinham chegado à faculdade sem sequer ter a noção de nossas desvantagens. Aos poucos você vai descobrindo que seus novos colegas estudaram com professores particulares antes do SAT, tiveram aulas de nível universitário na escola ou estudaram em colégios internos, portanto não tiveram que lidar com as dificuldades de estar longe de casa pela primeira vez. Era como pisar no palco para seu primeiro recital de piano e se dar conta de que você nunca tocou nada além de um instrumento com teclas quebradas. Seu mundo muda, mas exigem que você se adapte e supere as adversidades, que toque sua música assim como todo mundo.
Claro que isso é possível — a todo momento estudantes desfavorecidos e que fazem parte das minorias mostram que são capazes de superar desafios —, mas consome energia. Consome energia ser a única pessoa negra em uma sala de aula ou uma das poucas não brancas fazendo teste para uma peça ou para entrar em uma equipe da faculdade. É necessário se empenhar, reunir uma dose extra de autoconfiança — para se pronunciar nesses ambientes — e assumir a própria presença na sala. Por isso, quando meus amigos e eu nos encontrávamos para jantar à noite, era sempre um alívio. É por isso que ficávamos muito tempo juntos e ríamos o máximo possível.”
“Era impossível ser uma estudante negra de uma faculdade de maioria branca e não sentir a sombra da ação afirmativa. Eu quase conseguia ver o escrutínio no olhar de certos estudantes e até de certos professores, como se quisessem dizer: “Eu sei por que você está aqui”. Esses momentos eram desanimadores, embora eu tenha certeza de que parte deles era apenas fruto da minha imaginação. Eles plantavam em mim uma semente de insegurança. Será que eu estava ali apenas como parte de um experimento social?”
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Leia mais em Minha história
Com uma vida repleta de realizações significativas, Michelle Obama se consolidou como uma das mulheres mais icônicas e cativantes de nosso tempo. Como primeira-dama dos Estados Unidos — a primeira afro-americana a ocupar essa posição —, ela ajudou a criar a mais acolhedora e inclusiva Casa Branca da história. Ao mesmo tempo, se posicionou como uma poderosa porta-voz das mulheres e meninas nos Estados Unidos e ao redor do mundo, mudando drasticamente a forma como as famílias levam suas vidas em busca de um modelo mais saudável e ativo, e se posicionando ao lado de seu marido durante os anos em que Obama presidiu os Estados Unidos em alguns dos momentos mais angustiantes da história do país. Ao longo do caminho, ela nos ensinou alguns passos de dança, arrasou no Carpool Karaoke e criou duas filhas responsáveis e centradas, apesar do impiedoso olhar da mídia.
Em suas memórias, um trabalho de profunda reflexão e com uma narrativa envolvente, Michelle Obama convida os leitores a conhecer seu mundo, recontando as experiências que a moldaram — da infância na região de South Side, em Chicago, e os seus anos como executiva tentando equilibrar as demandas da maternidade e do trabalho, ao período em que passou no endereço mais famoso do mundo. Com honestidade e uma inteligência aguçada, ela descreve seus triunfos e suas decepções, tanto públicas quanto privadas, e conta toda a sua história, conforme a viveu — em suas próprias palavras e em seus próprios termos. Reconfortante, sábio e revelador, Minha história traz um relato íntimo e singular, de uma mulher com alma e consistência que desafiou constantemente as expectativas — e cuja história nos inspira a fazer o mesmo.